segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Fisica do corpo


"Sei que um dia, mais cedo ou mais tarde, também eu morrerei, mas se hei de morrer na solidão asséptica do quarto então antes o gume da liberdade."
Degostar cada segundo como um tempo inteiro e entregar me perdidamente à sua engrenagem sem pausas; agenciar o corpo num maquinismo maior e diluir a alma na carne, nos fluxos oleosos dos canais subterrâneos do mundo. Depois já próximo do êxtase rasgar a carne, dissecá-la minuciosamente com perícia de artesão e paciência de ourives e resgatar das suas veias mais secretas o sangue do poema. Depois alimentaremos regularmente a nossa embriagues com esse sangue, batido de desejo e loucura na ânsia colectiva de tudo criar.
...criar na emergência dos gestos um novo movimento, uma nova harmonia no desespero de um grito espelhado de sombras dilatadas pela lamina afiada das facas.
Poesia regada a vinho barato, de cor vermelha intensa, com reflexos violáceos, levemente metalizado pelo suor dos operários lembrando compotas sangrentas de tons labiais fatais.
A seda das palavras torna-se áspera, ferem a garganta no vómito repentino, no raio de ousadia com que buscam o dia com que anseiam a violência da luz...desconstruindo a exessiva organização dos ossos,,,

1 comentário:

medusa que costura insanidades disse...

AH Bruno,então foi esse texto que vc deixou no meu blog,belissimo por sinal..vim retribuir,com muito araso sua emocionante visita
obrigada